Fiquei tristemente surpreendido com as duas entrevistas até agora feitas neste programa.
Esperava muito mais do jornalista Miguel Sousa Tavares e do escritor Miguel Sousa Tavares, O entrevistador televisivo Miguel Sousa Tavares pareceu-me não ter percebido ainda qual o seu papel numa entrevista.
Na primeira com o 1º Ministro José Socrates, ficou de tal maneira subjugado com a figura que tinha a frente, com o facto de ser um 1º Ministro, que não conseguiu falar nem fazer perguntas que se enquadrassem no período crítico que o “nosso Primeiro” atravessa. Houve várias ocasiões que ele podia ter aproveitado para colocar o 1º Ministro em situação delicada, e no momento crucial não o fez. Nomeadamente quando José Socrates se exaltou a falar de Manuela Moura Guedes e do seu jornalismo.
A entrevista foi dominada por José Socrates.
Na 2ª com Gonçalo Amaral, não percebi porque é que o Miguel Sousa Tavares o convidou para ao seu programa. Se o Sr Gonçalo Amaral não podia dar a sua opinião sobre o caso MaCann, se não podia falar sobre o conteúdo do seu livro, devido a providência cautelar decidida por um Juiz que impede a circulação do livro limita a liberdade de expressão do cidadão Gonçalo Amaral, então para que é que foi convidado?
Se o Gonçalo Amaral não podia responder a perguntas, o que é que foi lá fazer?
A decisão do Tribunal sobre esta providencia cautelar teve com certeza fundamentos válidos. Tal como teve a decisão do Procurador Geral da República de arquivamento no processo Face Oculta, e tal como teve o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça quando mandou destruir as escutas telefónicas do 1º Ministro neste processo e e e e não digo mais.
Ao longo da entrevista, mais um monólogo que uma entrevista, descobri porquê. O Miguel Sousa Tavares queria informar a opinião pública da SUA opinião pessoal sobre o caso. Queria que todos os espectadores soubessem que uma investigação policial destes casos de desaparecimento de pessoas, não deve seguir as regras básicas utilizadas por todas as polícias do mundo e sim as do Miguel Sousa Tavares.
Às poucas perguntas que foram colocadas, o Gonçalo Amaral era sistematicamente interrompido com a resposta dada pelo Miguel Sousa Tavares (a sua resposta na sua opinião) e o Gonçalo Amaral só tinha tempo de dizer “eu nunca disse isso, isso é a sua opinião pessoal”.
Eu não vejo o que terá motivado o Miguel Sousa Tavares para “troçar” do cidadão Gonçalo Amaral. Terá sido para se vingar de não o ter conseguido fazer com o “primeiro” ?