14 outubro, 2007

Carta à jornalista Helena Matos (O Público) 20 Dezembro 2004

Deu-me a tia Bitê no Natal de 25 /12/64. Natal em que o Pai estava doente.

Cada vez que uma destas coincidências acontecem, eu pasmo e acredito que a nossa linha de vida estava marcada para de tempos a tempos, ao longo dela nos encontrar-mos com o passado, suas recordações e pessoas. Ao faze-lo olhamos o futuro de uma forma ponderada, como se a linha que estivemos a observar nos condicionasse, como se o exemplo dos que nos antecederam ou o exemplo do que nós fomos nos marcasse a nós e aos que nos sucederão.

O meu pai estava doente no Natal de 64 e faleceu em 1986, a minha irmã, Mimi tinha 13 anos quando a minha tia Bitê lhe deu o livro que encontrou numa feira de livros antigos com a inscrição acima. A minha mãe faleceu hà 6 meses com 86 anos e foi na sequência do desmanchar da casa em que os meus pais viveram desde os anos 40, e nós os três até ao dia em que inevitavelmente seguimos os nossos caminhos, foi nesse dolorido, nostalgico e muitas vezes choroso período, que fomos redescobrindo pedaços, retalhos da vida deles e da nossa. Em alguns momentos descobrimos mesmo, ao lermos cartas, textos que eles escreveram, estados de espírito que desconheciamos. Pensamentos transcritos para o papel que não tinham sido partilhados conosco por não os entendermos na epoca em que foram escritos.

Livros como o que encontrou numa feira de livros antigos, eram muitos. Com dedicatórias do tipo que a minha irmã escreveu, algumas datadas de 1890. Cada dedicatória me fazia pensar quem era esta pessoa que escreveu estas palavras ao meu pai ou avô. Que relação teve com eles. Qual o estado de espírito quando o escreveram.

O facto de nos pôr-mos a pensar nesses passados faz-nos libertar um pouco das baias com que olhamos o dia a dia, na luta constante do presente. A nossa mente alarga-se colocando-o numa prespectiva mais real e fazendo com que a linha do nosso passado presente e o nosso futuro seja a continuação da linha dos que nos antecedereram. Uma linha imaginária, com ramificações que são as pessoas que se vão cruzando com ela condicionando-a e influenciando-a.

Tudo isto devido ao poder da escrita


Bernardo Mesquitella

04 outubro, 2007

O ULTIMATO INGLÊS E O HINO DOS LOBOS DO RAGUEBI

Sempre senti o nacionalismo no meu sangue devido à educação que fui recebendo dos meus pais e antepassados .
Quando entrei em competições internacionais de hipismo e escutava o hino nacional em pista, sentia sempre um nó no estomago. Os Lobos fizeram-me reviver esses momentos de exaltação e patriotismo.

Ao mesmo tempo que este acontecimento passava nos nossos ecrans, o paíz vivia os acontecimentos do desaparecimento da Maddie Mcann.

Confesso que tenho o maior respeito pela nossa Polícia Judiciária que apesar das limitações de recursos, tem demonstrado ser uma das melhores da Europa. Infelizmente o patriotismo sentido pelo povo, não é reflectido nos nossos governantes, sejam eles de que partido sejam.

Por pressão política inglesa os Mcann foram para Inglaterra. E nós obedecemos. Por pressão política Inglesa o Inspector da PJ encarregue do caso MCann foi demitido e por ter falado quando não devia ao sentir que as pressões políticas externas estavam a denegrir o trabalho desenvolvido pela sua equipa.

Afinal temos lei ou não temos ?. Somos um povo antigo e soberano ou não somos?. Temos alguma dúvida que se o caso se tivesse passado em Inglaterra, o processo era tratado integralmente em Inglaterra, ao abrigo das leis inglesas e sem admitirem qualquer interferencia externa ?

Recordo as minhas leituras dos livros sobre a vida de Salazar escritos por Franco Nogueira. A nossa resistência as pressões Inglesas e Alemãs durante a 2 Guerra Mundial no sentido de mantermos a nossa neutralidade. A nossa posição de força em Moçambique durante o embargo Inglês à antiga Rodesia onde se fez ver aos nosso mais antigo aliado que não recuariamos em defender o porto da Beira se uma invasão inglesa se manifestasse. Isto perante a frota inglesa em frente a esta cidade. Nem nessa altura nem agora temos espadas para defender os nossos direitos de Nação soberana mas indiscutivelmente tinhamos os tomates no sitio.

Bernardo Mesquitella